Muitos de vocês já devem ter lido vários artigos falando sobre os novos estudos que sugerem que as revacinações anuais são desnecessárias e podem até ser perigosas. Por outro lado, os veterinários explicam que o fato desses estudos serem feitos nos EUA onde a cinomose,por exemplo, já está praticamente erradicada, leva ao erro quando trazemos essa realidade para o Brasil que é um local onde cinomose tem aos montes, parvovirose ídem, o saneamento básico e saúde pública são precários e temos milhares de cães errantes e doentes pelas ruas.
Visto isso, resolvi pesquisar e trazer para vocês um dos resultados da minha pesquisa.
O que muitos não sabem é o porque do animal não poder ser vacinado logo quando nasce. É porque no intervalo de nove a doze semanas os filhotes ainda podem estar com a imunide adquirida passivamente. O que é isso? É simplesmente a imunidade que eles recebem através do colostro do leite materno logicamente se a mãe teve os devidos cuidados e imunizações. Durante os primeiros dias de vida em que o animal não está com o sistema imune ainda completo, imunoglobulinas são passivamente transmitidas das mães para os filhotes através do colostro materno. Acontece que entre a 6ª e 9ª semana há uma baixa potencial nessa imunidade adquirida passivamente, e é aí que mora o perigo pois é quando os animais tornam-se susceptíveis à infecções naturais, porém, é também quando os animais são capazes de receber as vacinas e responder adequadamente a elas.
Como não se tem na prática como fazer contagem de anticorpos circulantes no Brasil atualmente, utiliza-se um protocolo em que o filhote deve receber três doses vacinais com intervalo de 3 a 4 semanas cada uma. A primeira vacina recomenda-se ser aplicada entre 6 a 8 semanas de idade.
No estudo, fizeram sorologia nos animais antes e depois das vacinações para obter dados quanto aos anti corpos circulantes. Com com 6 semanas de idade não foi mais encontrado anticorpos contra cinomose, concluindo assim que os animais já estavam susceptíveis à infecção e prontos para a primeira dose da vacinação.
Os pesquisadores perceberam que de 6 a 9 meses depois à última dose do primeiro ciclo vacinal os títulos de anticorpos contra o vírus da cinomose obteram as taxas máximas. Porém, após esse período, os títulos foram caindo até os 12 meses após a terceira dose do primeiro ciclo vacinal, quando houve o primeiro reforço vacinal.
Os pesquisadores perceberam que mesmo os animais respondendo bem à primeira dose vacinal, houve aumento de títulos de anticorpos após a última dose (reforço anual) provando que mesmo os animais já terem tido boa resposta ao primeiro ciclo vacinal há a necessidade do reforço anual. Isso ocorre porque na literatura fala-se que se o animal já apresenta bons níveis de anticorpos, mesmo que seja inserido mais vírus vacinais ou naturais, o animal não apresentará aumento significativo dos anticorpos.
O trabalho sugere também que a resposta aos antígenos depende de fatores genéticos de cada animal, pois, mesmo recebendo todos a mesma dose de vacina, na mesma época, em mesmas condições de saúde e tratamento, alguns apresentaram variações na titulação de anticorpos. (Por exemplo, um animal apresentou titulação 5 após três meses da última dose vacinal do primeiro ciclo vacinal, enquanto os outros tiveram média de 4,19, enquanto também outros animais apresentaram titulos de 4,499 6 meses após a revacinação anual enquanto o resto dos animais apresentaram uma média de 4,880)
Os pesquisadores demonstram como o vírus da cinomose tem uma resposta ao antígeno viral lento e progessivo, estando os níveis significantemente aumentados apenas 6 meses após a última dose vacinal (ou, primeiro reforço anual), quando, na maioria das outras doenças, 30 dias após a vacinação os animais já apresentam bons níveis de anticorpos.
Alguns animais apresentam níveis bons de anticorpos contra cinomose até dois anos depois da aplicação, e outros chegam de 3 a 7 anos de resposta à vacina. Porém, muitos fatores influenciam na qualidade e duração da resposta imune, entre elas, estão:
“(…)amostra viral utilizada, a massa antigênica ou o título vacinal, o grau de atenuação do antígeno viral, a interferência de anticorpos transferidos através do colostro, ou pela utilização de soros hiperimunes que contém anticorpos contra cinomose.Existem também os fatores relacionados ao próprio hospedeir, como a variação individual na capacidade de resposta a uma mesma vacina, o estado nutricional, parasitismo, os estados de imunodeficiência de causa genética ou não, os fatores relacionados às condições ambientais, interferindo na aclimatação do animai em condições externas adversas”
O trabalho acaba falando que a necessidade de revacinação anual com base nesse trabalho não é necessária, porém, pondera que o número de animais utilizados foi pequeno e mesmo dentro desse grupo foram encontrados variações bem grandes, sendo portanto, mais recomendado a revacinação anual quando não se há devido controle com todas os fatores influenciantes (como a primeira vacinação exatamente após os níveis de anticorpos passados pelo colostro terem acabado, titulações periódicas de anticorpos, controle sobre a saúde geral do animal e todas as outras variáveis que foram apresentadas acima.
O trabalho, no entanto, conclui que não é necessária a reforço exatamente 1 ano após a última aplicação (ou primeiro reforço anual).
Uma coisa que eu considero muito importante, é sentar e conversar francamente com o seu veterinária de confiança, mostrar materiais que você está lendo, discutir e chegar a um protocolo que seja o ideal para o SEU animal e para as SUAS condições.
A relação proprietário/veterinário é de extrema importância e traz benefícios para todos os lados principalmente para o alvo de tudo isso: os animais e o seu bem estar.
Fonte: BIAZZONO, L., HAGIWARA, M.K., CORRÊA, A. R. Avaliação da resposta imune humoral em cães jovens imunizados contra a cinomose com vacina de vírus atenuado. Baz. J. vet. Res. anim. Sci. São Paulo, v. 38, p. 245-250, 2001
Bem,
ResponderExcluirEu fico pensando:
Se eu não vacinar e meu cão vir a ter uma dessas doenças que poderiam ser evitadas pela simples vacinaçnao... sinceramente eu ficaria MUITO, mas MUITO triste.
Por outro lado não dei o reforço da gripe e da giargia, assim como não dei no Core e no Dourado tb.
Esse ano vou pensar se darei ou não o reforço da V10 nos mais velhos, no Core e no Dourado é certeza.
é Fácil dizer: exija a V2, quero ver que veterinário tem na sua cidade.. na minha o que frequento não tem, e não vou ficar pulando de veterinária a veterinário.
Acredito que o mesmo risco da supervacinação exista a da falta dela... então prefiro pecar pelo excesso que pela falta.
Ainda mais que esse ano ficamos muito em casa (brasilia) e vamos ao campo de treinos de agility (e tem ratos) ... não vou facilitar com meus cães.
Então já fiz o possível por aqui.. tirei giargia e gripe.... a multipla procuro de menor quantidade de cepas da leptospirose mas se só tiver a V10 vai ela mesmo. e a raiva que é obrigatória.
Então pra mim raiva e Valguma coisa continuam sendo obrigatórias.
Acho que é como um acidente... ninguém bate o carro pq quer... mas as coisas fogem do nosso controle.