O que é Displasia coxo-femoral?
É uma moléstia caracterizada pela incongruência articular e comprometimento dos tecidos conectivos adjacentes (ligamentos, tendões, etc.)
Os ossos envolvidos na Displasia Coxo Femural são os ossos da cintura pélvica com o fêmur. O acetábulo que é onde a cabeça do fêmur se encaixa torna-se raso ou a cabeça do fêmur torna-se chata causando uma incongruência.
http://carlalocce.blogspot.com/2007/05/displasia-coxo-femoral.html
http://www.terra2.com/xoops/modules/smartsection/item.php?itemid=27
Normalmente ela começa a aparecer entre 4-6 meses de idade, com sintomas brandos até paralisia total
Normalmente é analisada em graus que vão de 0 a 4 onde 0 é a ausência, 0 a 1 a suspeita, 1 é a leve, 2 é a média e 3 a 4 é a forma grave da doença.
Geralmente o acometimento é bilateral, mas em 11% dos casos é de forma unilateral afetando apenas um membro do animal.
De onde vem a Displasia?
É uma doença genética, com multifatores. Não é apenas um gene que faz com que o animal herde a doença e sim um conjunto de genes. Por isso, a doença é chamada de poligênica.
Por causa dessa característica, torna-se difícil a seleção para animais saudáveis quanto à displasia. É uma doença de difícil controle genético, ocorrendo vez ou outra filhotes de pais saudáveis com Displasia Coxo-Femural.
Lógico que o que não é nem um pouco aceitável, é uma pessoa cruzar dois cães que são predispostos geneticamente sem fazer nenhuma chapa de raio-x, jogando totalmente no escuro. Se, com todo o cuidado, o cão pode apresentar displasia, imagine não tendo?
Outra coisa a se levar em conta, na hora de comprar um cão predisposto não é olhar apenas a saúde do pai e da mãe. Mesmo que os dois sejam isentos, mas, na família de um dos dois houver casos de Displasia Grave (HD+++) isso pode vim a tornar o seu filhote em um displásico.E ainda te digo mais, mesmo que o pai ou mãe pareça estar saudável, ele pode carregar em seus genes o potencial genético pra transmitir a displasia coxo-femural pros filhos. Difil essa doencinha, nao?
A herdabilidade, ou seja, o “potencial” de herdar a doença, é de médio a alto, sendo portanto importante a retirada do animal da reprodução.
A nutrição também é um fator predisponente uma vez que os animais quando crescem rápido demais devido a uma alimentação com alta energia, altos índices de proteína, cálcio e fósforo induzem a alterações biodinâmicas e consequentemente o aparecimento da DCF(Displasia Coxo Femoral)
Fatores hormonais que envolvem o estrógeno, a relaxina e outros hormônios também podem ser a causa da afecção. A deficiência de vitamina C, é uma das outras influencias no aparecimento da displasia coxo femural.
Por incrível que pareça, um animal que é criado em piso liso também pode ser afetado pela Displasia. Isso ocorre devido à forma com que o animal anda, normalmente escorregando sempre, que leva à frouxidão da articulação coxo femural.
http://www.pastorescue.com/site/index.php?option=com_content&view=article&id=54&Itemid=76
Quais são as raças mais predispostas?
Generalizando, os cães “pesados”, de porte grande a gigante. Golden Retrievers, Pastor Alemão, Rottweiler, Labrador, Fila Brasileiro, São Bernardo, Setter Inglês.
Mas, pode acontecer com qualquer raça.
http://www.cachorroverde.com.br/site2009/?cat=207&paged=2
Como eu posso saber que meu cachorro está com Displasia?
Os sintomas em geral são: dificuldade para levantar, correr, pular, dor quando manipulado a articulação, atrofia dos músculos dos membros posteriores do animal, andar incoordenado, etc.
Ao perceber algum dos sintomas, você deverá encaminhar o seu animal ao médico veterinário e relatar os acontecimentos para que ele possa pedir a chapa de raio-x correta e obter o diagnóstico correto para o seu animal.
Porém, se você tem um cão de grande a gigante, mantenha sempre as chapas de raio-x entre os exames rotineiros pois alguns estudos demonstram que 70% dos animais que são afetados, não demonstram sinais.
E qual é o momento certo de se começar a fazer um controle radiográfico da displasia?
Recomenda-se que a partir dos 12 meses para os cães de médio a grande porte e 18 meses para os de porte gigante. Essa recomendação tem fundamento pela natureza da doença pois as afecções mais graves ocorrem com o passar do tempo.
Os animais muitas vezes só demonstram evidências radiológicas a partir dos 12 meses, tendo alguns que só demonstram aos 24 meses. Por isso, o critério quanto à seleção na hora de cruzar o seu cãozinho é tão importante. Ele pode ter a carga genética para displasia, ser um displásico mas ainda não ter apresentado os sintomas.
“ei, tôo fazendo 1 ano, não esquece de me radiografar, tá?”Tratamento
Não há tratamento, apenas formas paliativas para aliviar a dor do animal. O animal é submetido a antiinflamatórios em caso de dor e suplementos que regenerem o tecido da cartilagem.
A cirurgia também é uma das formas de “tratamento” visando estabilizar a articulação.
Em casos brandos, o peso pode ser um problema, então recomenda-se dieta ao animal para que o peso não seja um impedimento no bem estar do animal.
Pesquisas vem sendo feita em relação à implementação de ouro em acupontos (pontos de acupuntura) para regeneração, mas ainda é controverso não tendo dados suficientemente satisfatórios.
Ainda está se estudando sobre a hipótese do tratamento com células tronco adultas retiradas da medula e implantadas intarticularmente com o objetivo de regenerar os tecidos.
Nos casos mais leves a fisioterapia pode ser uma grande aliada, diminuindo a inflamação e fortalecendo os tecidos, a fim de minimizar as dores.
Uma homenagem a Ilka da Lu que foi descoberta agora como displásica. Vai ficar tudo bem, tá?
Ilka lindona.
E a minha sincera admiração à Asline, criadora de Goldens que vem lutando bravamente contra essa doença em seu plantel e até hoje não tem nenhum displásico.
Referência:
- SOUSA, Nicole Ruas de; TANNÚS, Lilian; SCOGNAMILLO-SZABÓ, Marcia Valéria Rizzo. Implante de fragmentos de ouro em pontos de acupuntura e pontos gatilho para o tratamento de displasia coxo-femural em cães – Revisão de Literatura, Veterinária e Zootecnia, set. 2010; v. 17, n. 3, p. 335-342.
- Genética da Displasia Coxo Femural
- QUEIROZ, R. A. et.al., Efeito das células-tronco autógenas nas doenças articulares degenerativas displásicas. Estudo em cães. - Em desenvolvimento.
- AGOSTINHO, I. C. et. al., Displasia óssea- Tratamentos e métodos radiográficos na incidência de displasia coxofemural em cães. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinaria. Ano VIII, n. 15, 2010.
Muito Bom o seu artigo! Enviei para os meus clientes esse post!
ResponderExcluirTenho um filho com esse problema e é muito triste!
É fundamental estarmos bem informados! Parabéns!!