11 de fevereiro de 2011

Desabafo de uma mãe de cachorro frustrada

 

Leitores, se vocês não tem o mínimo saco para desabafos, por favor, fechem a página e voltem amanhã, porque hoje eu vou fazer um texto, mais para mim e para o meu cão (se ele entendesse) do que para qualquer um. E poodem meter o bedelho a vontade.

Desde que entrei de férias resolvi que iria educar o meu cão mais novo, o Fred.

Falo mais dele aqui do que todos.

Simplesmente porque a minha mãe entrou numa depressão e culpa os cães por tudo e resolveu que não queria mais eles.

Pedi, e decidiram que deixariam e para recompensar esse voto de confiança, decidi que a ajudaria.

Fora dicas e mais dicas da @caonatural @fulviawhipet @blogbigodes e um esforço sobre-humano da minha parte que sou totalmente grossa e aversiva, ainda li muito, comprei um monte de livro, comecei a frequentar blogs de comportamento mais avidamente, perdi a preguiça e mesmo n sabendo direito inglês, fico lendo uma palavra, traduzindo, lendo outra, traduzindo e assim eu vou aprendendo coisas que n temos infelizmente materiais na nossa língua e tentando aplicar à ele.

Eu sou aquele tipo de pessoa que não sabe falar “você está sendo inconveniente” ou “por favor, me deixe quieta” é logo “que Po%$$¨", não enche o saco cara&*#@$$

E ai tive que aprender com meu cão que as pessoas entendem melhor e nos “obedecem” mais quando somos gentis e suaves. Tem sido uma luta. Não posso dizer que ele não melhorou mas a pressão está tão grande em cima de mim, que eu simplesmente pareço que vou estourar. Se alguém me olhar e perguntar “o que está acontecendo?!” eu choro. sério.. choro mesmo. Se alguém por acaso desconfiar da minha fragilidade, eu choro. Se alguém for um pouco mais grossa comigo, eu também choro. E.. quase todo dia quando tento sair com Fred, eu choro.

Choro porque ele não se ajuda, porque ele me faz tremer de nervoso, choro porque a fim de não demonstrar fragilidade e nervoso (e já demonstrando) eu caio quando saio embebida em lágrimas andando rápido pela casa, choro porque dói pra caramba apertar  todos os dedos da mão na porta que eu acabei de empurrar com toda força, ou porque eu puxo o cabelo com um nervoso que vem tufos de fios na minha mão e a dor de cabeça é instantânea.

Muitos já me falaram “por que você não doa ele? Talvez ele fosse mais feliz”

É..talvez ele fosse. Se eu conhecesse alguém que desse algo MELHOR do que eu dou. Porque se for pra ele ter igual ou pior, deixa ele aqui.

Eu até tinha o sítio de meu namorado pra levar ele, mas são tantas coisas que passam na minha cabeça, como:

Quem vai jogar bolinha para ele quando ele tiver nervoso?

Quem vai massagear a barriguinha dele quando ele tiver acabado de vomitar e tiver sentindo dor?

Quem vai fazer carinho, enquanto ele vomita para que ele se sinta melhor?

Quem de manhã vai dar beijo na fuça dele dizendo que ama o filhinho?

Quem vai levar ele no veterinário por um pum mais mau cheiroso que o normal?!

Quem vai segurar ele no colo como um bebe quando ele passar por alguma anestesia?!

Quem vai ficar abraçada com ele chorando dando beijo e pedindo ajuda??

Quem vai limpar a patinha dele quando tiver suja de lama para ele não sujar a caminha e não dormir em lugar sujo?

Quem vai brincar de mangueira com ele para tornar o banho divertido?

Quem vai ensinar ele a balançar a cabeça quando eu digo não e se jogar no chão abraçando e beijando e rindo da nova idiotice que ele aprendeu??

 

Tudo bem, meus sentimentos estão mais em pauta que os dele. Mas sabe, ele não demonstra não gostar de mim. Ele me segue, fica feliz pela minha atenção, faz gracinhas para que eu olhe para ele, está sempre me procurando, quando me morde de nervoso por algum motivo sempre vem depois dar uma lambidinha como se pedisse desculpa, me olha com um olhinho apaixonado e quando sente dor porque bateu a cabeça na porta pela 568797 vez que tentou sair correndo sem olhar pra onde,vem deitar no meu colo pra eu fazer carinho.

Eu nunca pensei que seria fácil com Frederico. Quando eu o vi pela primeira vez ele estava no corredor do hospmev GRITANDO porque tinham colocado ele na coleira, GRITANDO porque as pessoas conversavam e não olhavam para ele, GRITANDO porque o cachorro do outro lado da rua olhou para ele. É, ele tinha apenas 45 dias em média, e já era assim.

Passear com ele era (e ainda é) impossível. Ele pulava o tempo todo mordendo o braço da gente (meu pai já voltou todo sujo de sangue pra casa uma vez por incentivar essa brincadeira e ele sem querer rasgar o braço com os dentinhos finos), quando parava de pular, começava a gritar.

Lembro até hoje ele rosnando e mordendo o Pepe no dia que chegou. Pepe mostrando todos os sinais de apaziguamento, querendo apenas conhecê-lo e ele quase sem dente mordendo Pepe.Na hora que fui colocar a comida e me abaixei para pegar não sei o que perto, o avanço que ele deu em mim porque ninguém podia chegar perto da comida dele que ele rosnava.

É, ele nunca foi fácil. Ele era mais fofo quando era pequeno, isso é verdade. Mas com o tempo tudo foi enchendo o saco, tudo passou a cansar, ele levou umas boas palmadas durante a vida, ele se tornou medroso com pessoas de fora sendo inconveniente e trocou o hábito de pular na gente para pular nos carros e motos e todo ser que anda um pouco mais rápido ou que na sua cabeça neurótica é ameaçador.

E ai falam: mas a culpa é sua.

Sim, eu sei. Não deixa de ser. Meus pais e namorado dizem que ele se estressa muito e não compensa ele passear, mas ao mesmo tempo, sem passear ele se torna entediado, mesmo eu brincando de bolinha com ele todos os dias, latidor mais do que já é, procura motivos para brigar com Pepe, ou seja, fica sim mais estressado.

Mas, como eu posso sair com um cão que não curte nem um pouco o passeio e me faz passar a maior vergonha na rua? Sim, porque por mais que eu me lixe para o que os outros pensam, incomoda os olhares atravessados e saber que eles tem razão. Que meu cão realmente não é educado, que meu cão é inconveniente e que sim… ele pode morder alguém se eu não prestar 100% de atenção.

É tanta coisa que passa pela minha cabeça que não consigo organizar, mas sei uma palavra que define tudo: FRUSTRAÇÃO

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Frederico mordendo sua bolinha

6 comentários:

  1. entendo como você se sente, passei por poucas e boas qd recuperava um cavalo traumatizado no hipismo até entender que o mau comportamento dele não tinha nada a ver comigo e sim com todas as experiencias ruins que ele havia passado.

    você com certeza já deve ter ouvido falar do encantador de cães. ele diz que não temos o animal que queremos, mas o animal que precisamos. o meu gato é muito cheio de vontade, odeia estranhos, me morde e avança sem motivo às vezes. ele sofreu muito enquanto morava nas ruas e sei que esses comportamentos são resultado disso, não que ele não goste/confie em mim. e qd eu ignoro ele e esses comportamentos ele se sente relaxado e vê que não são necessários.

    o cesar diz que alimentamos o desequilibrio dos animais e eu acredito nisso tb. nós humanos temos a tendencia de colocar nossas emoções nos animais e isso simplesmente não funciona. seu cão não entende pq vc está frustrada com determinado comportamento dele, mas sua continuidade mostra que você não está conseguindo ajudá-lo por melhor que sejam suas intenções e por maior que seja seu amor. como o cesar novamente diz , não podemos dar afeto a uma mente instavel, pois o animal entende o carinho como um reforço pelo comportamento - seja mau ou bom -

    todo animal, principalmente os maus comportados, tem que passear ou fazer qq outra atividade que proporcione relaxamento mental e fisico então não se preocupe quanto a esse ponto, pois ele seria bem pior se não estivesse gastando essa energia

    qual o tipo de coleira que você usa com ele? tive algumas experiencias com cães e as coleiras colocados no topo da cabeça ( enforcadores e guias lisas ) - como as de cães de exposição - oferecem melhor controle tanto para os passeios normais quanto para a disciplina e dão poder ao condutor, não ao cão

    outro ponto: ele é castrado? animais castrados se tornam mais calmos e menos frustrados e apesar de não resolver tudo, já ajuda bastante

    quando o cesar tem casos muito problematicos ele separa o animal de seus donos para começar do zero em um novo local. será que seria tão horrivel assim ele ir para outro ambiente? talvez para ele não, já que seria forçado a sair do "colo" e se comportar como um cão mais normal e você tb, com esse distanciamento, poderia analisar melhor as coisas e dar um tempo na frustração :)

    finalizando, como protetora, parabens por ter adotado um cão que provavelmente ninguem mais iria querer. mas por causa do passado dele - minha opinião diante do que você descreveu - você já começou com um sentimento de "oh, coitadinho" e de coitadinho ele não tem nada. adoro animais, já resgatei dezenas, mas sei o quanto eles podem ser manipuladores e o farão se tiverem oportunidade :)

    se você puder, dê uma olhada nos livros do Cesar e analise algumas das dicas, ou mesmo assista o programa. antes mesmo de saber da existencia dele, enquanto cuidava o cavalo que comentei acima e com alguns dos resgates, a maioria das abordagens deram muito certo :)

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  2. Aline, será que isso não é alguma sequela de excesso (ou não) de vacinação? Um dos efeitos colaterais da vacina contra raiva pode ser hiperatividade e até agressividade. Não tem um veterinário homeopata por aí, querida?

    :-(

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  3. Amor e miados.. eu conheço sim, os livros e alguns episódios do cesar millan. Gosto de pouquíssimas coisas que ele fala que são coisas óbvias, mas da forma como ele quer que eduquemos nossos animais não me agrada nem um pouco. Já usei sim as técnicas de César.. mas não me agradam e não tive bons efeitos colaterais com eles.

    Ana Corina ele é assim desde pequeno. Antes de qualquer vacinação contra raiva. E outra, ele nem recebeu o primeiro reforço anual ainda. A veterinária homeopata passou uma medicação homeopata pra ele siim só que ela nao me deu receita e a farmácia nao quis aceitar. Depois não mais a encontrei. Mas que é excesso vacinal, isso com certeza absoluta não é.

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  4. Aline, vc sabe quase tudo que já passei com Sushi, né? Sushi tbm chegou para mim muito novinha:32 dias. E já era desajustada. Mordia, rosnava... Dessa idade. Mas sabe lá o que Sushi passou até chegar lá em casa.
    Hoje, digo que Sushi melhorou uns 99.98% rs Ela só não aceita que estranhos brinquem, passem a mão ou sequer chamem o nome dela. Mas de resto, tá tudo tranquilo. E eu consegui isso com passeios. E com muita, mas muita paciência com ela. Sushi hoje passeia todos os dias. No mínimo, 40 minutos. E posso lhe garantir que melhora MUITO! Se passo uns dois dias sem levá-la para passear, ela já começa a destrambelhar de novo. rs

    Nem com a GL ele consegue passear calmamente?


    Bjooos e paciência ai com o Fred ;)

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  5. Aline, tenho um schnauzer que chegou em casa com 47 dias e já avançando no meu outro cão. Passei por momentos de rejeição, pensei em doá-lo, mas o adestrador (que já treinava o outro cão) me convenceu que seria possível torná-lo um cão "quase" normal. O trabalho foi duro, e ainda é, mas não me arrependo, embora às vezes reclame por nunca poder relaxar durante o passeio. Pelo que você descreveu, Frederico é um peludo mimado :) e com meus cães aprendi que alguns simplesmente não podem ser mimados. Com eles também aprendi que precisamos tratar de modos diferentes cães que são diferentes. O método de adestramento que funciona pra um, não funciona pra outro. Meu poodle foi adestrado com reforço positivo. Já o schnauzer não consegui nem ensinar a usar o tapete higiênico com esse método! O adestrador usou com ele um método muito semelhante ao do César. E funcionou muito bem. Faça de conta que você não conhece o Frederico, vire a página e comece do zero. Procure ajuda profissional. Será bom ter alguém com mais experiência te ajudando e dividindo a responsabilidade. E "treine" seu pai também para jamais permitir um comportamento indesejado do cão e muito menos incentivar! Se eu puder ajudar de alguma forma, avise. Bjs

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