O treino pode ser feito quase que inteiramente de reforços negativos e muitos treinadores tradicionais tem feito desse jeito.
Cavalos aprendem a virar à esquerda quando a rédea é puxada porque a pressão irritante cessa quando a curva é feita. O leão vai de costas e fica em cima de um pedestal porque quando ele senta lá, a cadeira ou o chicote são tirados da sua frente.
Reforço negativo no entanto, não é o mesmo que punição. A diferença está que a punição é feita depois que o comportamento que se quer mudar já foi feito, e não tendo muitas vezes efeito de modificar o comportamento. Uma pessoa que por exemplo leva bomba nas notas, pode estudar mais da próxima vez e se dar bem nas próximas provas, porém, ele não pode modificar a nota que acaba de receber.
Quando punimos com intenção, normalmente fazemos isso tarde demais. Porém, essa não é a atual diferença entre punição e reforço negativo.
Comportamentalistas modernos entendem como punição tudo aquilo que faz o comportamento parar na hora.
Um neném que coloca coisas metálicas na parede, provavelmente vai ouvir um berro de desespero ou receber um tapinha em sua mão e o comportamento de inserir o objeto metálico na tomada irá parar na hora. Milhares de outros comportamentos e coisas irão acontecer após isso. O neném irá se assustar, irá chorar, sua mãe sentirá pena, fará um carinho mas, pelo menos, o objeto metálico na tomada irá cessar na hora (talvez o bebe possa repetir futuramente). Isso é o que a punição é.
Skinner define punição como o que acontece quando o resultado leva a perda de algo desejável ou quando o comportamento resulta em algo desconfortável. No entanto, quando o comportamento em curso pára, nós não temos previsão de como acontecerá no futuro. Nós sabemos que o reforço fortalece o comportamento no futuro, mas não sabemos para onde a punição pode levar.
Os comportamentalistas então, olham do seguinte jeito: a diferença entre punição e reforço é o resultado que isso irá trazer.
Reforço negativo pode ser usado efetivamente em um treino e apesar de todos os aversivos utilizados, os resultados poderão ser positivos.
Lhamas por exemplo, são animais muito tímidos e de difícil abordagem se não forem treinadas desde novas. Usava-se muito, reforços como comida para que as Lhamas se aproximassem. Porém, muitas são muito ariscas para permitir qualquer tipo de aproximação, mesmo que elas sejam recompensadas com comida depois. Os novos treinadores estão usando o clicker. A cada vez que elas se deixam ser aproximadas e ficam paradas, eles clicam e vão embora.
É como dizê-las “vou chegar só meio metro de você e não irei fazer nada, se você ficar parada, depois disso irei embora, ok?!”.
Esse processo leva a Lhama a pensar “é, toda vez que fico parada, a pessoa assustadora vai embora.” Permitindo uma aproximação mais rápida, as vezes em questão de 5 a 10 minutos.
Quando alguém toca a Lhama diversas vezes por um longo tempo e depois sai, o gelo é quebrado. Essa pessoa passa a não ser tão assustadora. Agora então, é a hora de entrar o balde de comida. Cria-se então um laço na relação. É como você dissesse “posso tocar em você e você irá ficar parado? Sim?! Eu irei então clicar e te dar essa deliciosa comida.” E a Lhama então tem esse perfeito reforço positivo para o novo comporamento de ficar parado. Ela ganha carinhos, arranhões carinhosos e comida, isso tudo em troca de ficar parada ao invés de correr para longe cada vez que alguém se aproxima. Essa técnica de recuar, ou cair fora cada vez que o animal fica parado é muito utilizado nas técnicas dos “encantadores de cavalo”.
Muitos encantadores desses irão se utilizar de supertições como sons e movimentos que na verdade são apenas marcadores de comportamento. Porém, por mais bonito que possa parecer suas teorias, não são mágicas, são apenas formas operantes de treinamento por reforço.
Enquanto o treinamento com reforços negativos é útil, é bem importante lembrar que no reforço negativo também existe punição. Punição excessiva pode levar a efeitos colaterais nada desejáveis ao treino.
Esse texto é uma livre tradução da obra de Karen Pryor "Don't Shoot the dog" feita por mim, não tendo portanto nenhuma autorização para reproduzi-la em outro local sem as devidas permissões.
Olá!
ResponderExcluirAdorei essa série, e gostaria de publicar esse post no meu blog com a devida referência! No entanto não encontrei seu e mail. Caso permita, aguardo confirmação pelo meu e-mail: contato@educadoracanina.com.br
Aline, passei pra te desejar um Feliz Natal e um super 2011. O blog continua ótimo! Parabéns mesmo! Bjks Cecilia do blog Cachorros Especiais.
ResponderExcluiroi cecília, obrigada.. sua visita sempre é especialíssima
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