(continuação do post de ontem...)
Hoje vou falar sobre a Piometra, que é uma doença em que muitos médicos veterinários citam ao indicar a castração precoce em fêmeas como forma preventiva.
A piometra (complexo hiperplasia cística endometrial)é resultado de uma estimulação glandular uterina pela progesterona plasmática circulante.
A progesterona estimula a secreção glandular, com supressão da atividade miometral (músculo do útero), permitindo, dessa forma, acúmulo de secreção que propicia um meio para o crescimento bacteriano, favorecido pelo aumento na inibição da resposta leucocitária à infecção no útero sensibilizado pela progesterona.
É a mais comum afecção principalmente em cadelas com idade maior que 9 anos, e as nulíparas (nunca tiveram cria) .
O período funcional do corpo lúteo prolongado devido ao cio, prolonga o tempo de secreção da progesterona e permite modificações a nível de endométrio, que com as repetições dos ciclos se torna persistente e se traduz na hiperplasia cística endometrial.
Os sinais clínicos de piometra são falta de apetite, vômitos, polidipsia(aumento no consumo de água), poliúria(aumento na excreção de urina) e em alguns casos presença de corrimento vaginal e distensão ou aumento da sensibilidade na cavidade abdominal.
Quando não há presença de corrimento vaginal, classificamos como piometra fechada. Isso ocorre porque o útero retém o conteúdo séptico o que causa uma distensão abdominal além de piorar o prognóstico da cadela/gata.
O animal pode também apresentar hipertermia (devido a infecção) ou hipotermia (devido a toxemia).
Os sinais clínicos apareceram normalmente após 30 dias do cio.
Devido a maior incidência de piometra ser causada pela bactéria E. colli, que causa toxemia, esta afecção pode afetar vários órgãos como rins, medula óssea, adrenais, baço, fígado e pulmões.
Acredita-se que os fatores que mais predispõe a piometra são pseudogestações, irregularidade de ciclo estral, administração exógena de progestágenos e cadelas que nunca tiveram crias. A idade também pesa devido a transformação do endométrio a cada cio.
Em um estudo feito (1.) foi-se notado numa população de 25 cadelas que 52% eram nulíparas, 38% eram primíparas ou pluríparas e 4% haviam feito uso de anticoncepcionais.
No segundo trabalho,avaliou-se 119 cadelas onde foi-se notado que quanto ao número de gestações, 56 animais (47,05%) não apresentavam essa informação de acordo com a anamnese junto ao proprietário, e dos animais restantes, 39 (32,77%) eram nulíparas, 10 (8,4%) eram primíparas e 14 (11,76%) eram pluríparas
Embora menos freqüente, a piometra também pode ocorrer em felinos. A baixa ocorrência se dá pelo fato de que as felinas precisam cruzar para que ocorra o desenvolvimento do tecido lúteo e a subseqüente secreção de progesterona.
Os tumores de mama também podem predispor à piometra porque este tipo de tumor pode elevar as taxas de estrógeno e progesterona liberados no organismo.
O tratamento depende do proprietário e do interesse ou não pela reprodução do animal. Pode-se optar pela ovariossalpingohiterectomia(OSH) – ou castração – ou pela parte medicamentosa. A gravidade do animal também deve ser levado em conta
Assim que diagnosticado, deve-se entrar com um tratamento imediato devido ao risco de toxemia e comprometimento de outros órgãos como os rins e fígado (como falado anteriormente).
O tratamento cirúrgico ainda é o que tem melhores resultados contra a piometra, devido ao alto índice de recidivas quando utilizado o tratamento clínico.
Ao notar qualquer alteração, procure um médico veterinário.
Boa páscoa e nada de chocolate para os peludos, hein?!
Referências: 1.ESTES, Nereu Carlos et. al., Piometra canina: aspectos clínicos, laboratoriais e radiológicos. 1991
2.MARTINS, Danilo Gama. Complexo hiperplasia endometrial cística/piometra em cadelas: Fisiopatogenia, Características Clínicas, Laboratoriais e Abordagem Terapêutica. Jaboticabal – SP – Brasil. 2007
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