31 de março de 2010

O que mudou depois dos cães??



Desde os meus 12 anos eu tenho a catarina como minha dona canina. Ela era um terror e sempre foi o meu chamego. Porém, além de eu ser muito novinha, tava entrando na "aborrecencia" e não liguei muito de procurar saber de ver, de tudo.
Mas sempre foi o meu amor. Com Catarina eu aprendi o que é um olhar apaixonado quando ela olhava para a minha mãe, a sua humana de estimação.
Catarina foi a razão pela qual decidi minha futura profissão. Apesar de sempre ter sido apaixonada pelos animais (que os 11 gatos que habitavam aqui que o diga) eu nunca me imaginei como médica deles. Sempre quis fisioterapia, medicina humana para pediatria, enfermagem entre várias outras profissões que eu sonhava.
Mas veterinária, só me veio na cabeça no Dia das mães de 2008 quando por um vacilo Caquinha comeu chumbinho. Gastamos o olho da cara na melhor clínica de Salvador e ela sobreviveu. Quem acompanhou tudo fui eu, quem dava o complexo B no momento certinho era eu, quem foi buscar ela e ouvir tudo da veterinária fui eu e meu namorado brincando falou comigo "bem que você poderia fazer veterinária".
Talvez aquela frase tenha ficado marcada e fui procurar sobre a profissão, afinal eu iria prestar vestibular no mesmo ano.
TODOS me desestimularam, até veterinários que eu conversei dizendo que eu ia "passar fome".
DESISTI! Sim, acho q uma das poucas vezes que desisti de algo foi isso, apesar da minha teimosia. Mas o que eu não sabia era que Caquinha era MAIS teimosa que eu. Em outubro ela resolveu que precisava abrir meus olhos para o que eu deveria fazer e derrubou uma pedra de mármore na patinha dela.
Eu só fiquei sabendo a noite, quando eu cheguei em casa e vi minha prima que faz veterinária fazendo o curativo. Aquilo me alertou e a partir daquele dia poderia o papa dizer que n era para eu fazer, e eu faria veterinária.
Assim foi. Fui aprovada em medicina veterinária pela UFBA e comecei a ver a REALIDADE dos animais. Descobri que existiam abrigos de animais abandonados, descobri que o homem pode ser cruel mas também pode servir como anjo.
E.. descobri o Pepe.. esse que encabeça o layout do meu blog. Pesando 0,6kg, desnutrido, desidratado, com vermes, secreção nasal devido a uma pneumonia (que ficamos com medo de ser cinomose) eu lutei pela vida dele desde o momento que o vi. Sim, chorei, ele quase morre hipotermico, eu corri, cobri, esquentei e hoje ele está com seus lindos 15kg e um moleque.
Já com o Pepe, eu aprendi o que é ser "mãe de cães". Até então eu só era "irmã". Eu tinha a responsabilidade na alimentação, medicação, cuidados e amor. Dormia com ele colado comigo, passei a dormir na sala para ele poder dormir comigo e eu observá-lo durante a noite. Eu jamais suportaria se algo o acontecesse. E assim eu aprendi o que é amar um ser incondicionalmente e ser amada em maior intensidade mesmo quando eu sou uma chata de galocha.
No dia 30 de dezembro de 2009, o Frederico apareceu no hospmev (onde eu estava estagiando) e não tinha onde ficar no reveillon e alguém para lhe dar comida. Trouxe para casa para ficar até a segunda, dia 2. Mas o danado tratou de encantar todos por ele. Até os mais duros corações se rendem a ele.
Ele é tão único, dorme sozinho, come sozinho, estava saudável mas ele me ensinou o que é ser LÍDER. Sim, o Fred apesar dos seus 2 meses mostrava que queria ser o líder daqui, rosnando para todos enquanto comia, só deixando o pegar quando ele quisesse. E com jeitinho e firmeza hoje em dia ele vira a barriguinha pra gente abanando o rabo, e se mostrando muito feliz por ter uma líder.


Enfim.. meus cães e os animais em geral me ensinam lições todos os dias que ficarão marcadas. Por causa deles eu aprendi a ser menos teimosa, mais humilde, mais compreensiva e amorosa. Por causa deles que eu me derreto e tenho olhares brilhantes para cada pedacinho saudável que eles tem.
E também, por causa deles eu aprendi a ser uma Mãe RESPONSÁVEL de cães.

Amo vcs
Caca, Pepe e Frederico.
O meu eterno agradecimento.

21 de março de 2010

Diabetes em cães

A Diabete Mellitus é uma doença de ocorrencia ainda moderada em cães.
Trata-se de uma doena causada pela incapacidade das ilhotas pancreáticas em secretar insulina e/ou de ação deficiente da insulina nos tecidos.
Mas, o que é insulina?
A insulina é uma enzima que é secretada constantemente pelas células beta do pâncreas com o seu nível de secreção aumentado após ingestão de alimentos e diminuido em horas de jejum.
Tem como função estimular o metabolismo dos carboidratos e lipídeos e transportar glicose através da membrana plasmática das células sensíveis à insulina, principalmente nas células adiposas e da musculatura esquelética. A insulina também é um potente inibidor da quebra de gordura.
A insulina ajusta o nível de glicose sanguínea com o nível de glicose hepática (do fígado).
As células que são sensíveis à insulina, são comandadas pela hipófise, hormônios adrenal (glândulas adrenais que se localizam acima dos rins) e outros fatores.
Os níveis baixos de insulina tornam os hepatócitos mais sensíveis ao glucagon. O declínio da taxa insulina/glucagon pode causar o aumento da gliconeogênese e a capacidade citogênica dos hepatócitos e abastece os hepatócitos com os precursores necessários para a produção da glicose, mobilizados do músculo e da gordura o que pode causar um aumento na necessidade de insulina.
Entre elas, cita-se o efeito Somogyi (Fenômeno rebote).
O que é isso??
O Efeito Somogyi induz a hiperglicemia por queda na concentração glicêmica menor que 65mg/dl.
O diabete mellitus em cães, pode ser classificado em três grupos com base na capacidade secretória das células beta pancreáticas.

Grupo I que é dependente de insulina.
É a forma mais comum em cães, que se apresentam com uma alta concentração basal de glicose sanguínea, incapazes de responder ao aumento da glicemia com a liberação de insulina.
Envolve as células beta pancreáticas o que resulta na redução da insulina secretada e um aumento da glicemia (hiperglicemia) sensível a insulina (ou seja, abaixa quando há a ingestão de insulina)

Esta doença apresenta-se em seis estágios:

1. Susceptibilidade genética
2. Autoimunidade das células beta. Fatores ambientais mal resolvidos mas que provavelmente estão ligados a medicamentos e agentes infecciosos.
3. Auto-imunidade ativa, mas que mantém a secreção de insulina nos níveis normais.
4.A secreção da insulina vai se perdendo progressivamente.
5. Todos os sintomas começam a aparecer
6. Completa destruição das células beta dos pâncreas.


Grupo II que não é dependente de insulina. Há uma liberação retardada de insulna endógena após estímulo com a glicose.


Grupo III São os cães que tem uma concentração sanguínea de glicose discretamente elevada e uma concentração basal praticamente normal de insulina.
Ele é induzido pelo aumento de concentração de qualquer dos hormônios diabetogênicos (glicocorticóides, adrenalina, glucagon ou hormônio do crescimento) que pode ocorrer pela secreção excessiva ou administração exógena dos mesmos, além de, degradação deficiente dos componentes.

Vários fatores podem ser a origem da diabetes mas os principais são predisposições genéticas, infecções, enfermidades antagônicas da insulina e drogais, ileíte imunomediada e pancreatite.
Também por hiperfunção da hipófise anterior ou córtex adrenal e qualquer outro fator que cause degeneração das Ilhotas de Langerhans (ilhotas do pâncreas).

As raças mais predispostas são o Keeshound, Malamute, Spitz, Golden Retriever, Whippet, Pulik, Cairn Terrier, Schnauzer, Pinscher miniatura, Terrier e SRD.
Uso de anti-concepcionais e fêmeas não castradas sãp fatores de risco para a diabetes.

Pasmem.. o stresse também pode causar diabetes. Por que?? Porque a adrenalina é um hormônio antagonista à insulina e quando estamos stressados (nós, ou os peludos) liberamos grande quantidade do mesmo.

Um dos sintomas da diabetes é a glicosúria, ou seja, presença de açúcar na urina dos aus. Isso ocorre porque com a diminuição da insulina, a utilizada de glicose, aminoácidos e ácidos graxos é diminuido. Então, a glicose vinda da dieta, acumula-se na circulação e sobra para os rins a sua filtração. Os mesmos, ficam hiper cansados e acabam liberando sem filtrar diminui, o que causa a glicosúria.

A glicosúria, causa uma diurese (eliminação de urina) osmótica o que causa a poliúria (aumento na quantidade de urina expelida.)
Para não desidratar, o cão adquire uma polidpsia (aumento do consumo de água) compensatória.
A capacidade da glicose em penetrar nas células do centro de saciedade, está sob influência da insulina. Com a diminuição ou total ausência, diminui-se a sensação de satisfação, o que causa uma polifagia (aumento no consumo de alimento) sem se importar com o aumento de glicose no organismo.

Noossa.. que ciclo hein??

O Tratamento?
Bom, os animais que precisam da insulina começam o tratamento no mesmo dia do diagnóstico. São aplicadas subcutâneamente insulina todos os dias nos dependentes. A dose diminui de acordo com o peso do animal, ou seja, quanto mais pesado (ou maior) menor a quantidade requerida.
A alimentação deve ser trocada para uma específica e deve ser administrada 2 horas antes dos momentos de pico da insulina, ou seja, 4 a 8 horas após para evitar possível hipoglicemia. Os clínicos indicam que é mais fácil controlar uma leve hiperglicemia do que uma hipoglicemia, portanto, as doses iniciais são pequenas para possível reajuste posterior.
O efeito na homeostase pela insulina demora de 2 a 4 dias, sendo as vezes preciso a internação dos animais diagnosticados por esse período para controle do animal pelo médico veterinário.
O local da aplicação deverá varias, portanto a literatura aconselha que o médico veterinário explique ao proprietário do animal a importância de se fazer uma tabela com os valores de glicosúria, cetosúria e glicemia no organismo para um devido controle.

A alimentação deve ser controlada no intuito de controlar a obesidade, que é associada à resistência insulínica.
A rotina de exercícios também é indicada, sendo não indicada perto dos picos da insulina e pouco antes da alimentação.
Também pode-se utilizar de forma oral as medicações contra a diabetes, porém, deve ser concominante com a rotina de exercícios e programa nutricional de perda de peso.

Exercícios regulares também tem mostrado bons resultados na prevenção e auxilio no tratamento da diabetes não insulino dependente.




Laika.. cadelinha para adoção não insulinico dependente. AJude a divulgar.


Referências: Diabete Mellitus em Cães. Acta Veterinária Brasilíca, v.1, n.1, p. 8-22, 2007. Priscilla Fernandes de Faria.

13 de março de 2010

Filhos sim, por que nao?!


Algumas pessoas me dizem que eu trato meus cães como se eles fossem da família e isso é verdade. Me sinto mãe, irmã, responsável pela saúde e bem estar deles.
Mimo, dou beijo mas uma coisa que não deixo eles esquecerem é da natureza deles.
Como assim?? Primeiramente com a comida, que é natural.. muito perto da que eles comeriam se vivessem na selva.
Não é resto de comida, é comida feita para eles, estudada para que eles possam comer.

Mas uma coisa sempre me incomodou, que é o fato de em algumas situações eles não me respeitarem. Oras, que mãe que aceita que seus filhos a desrespeitem e não obedeçam??
Então, como a mãe neurótica que sou, comecei a comprar livros entrar em comunidades no orkut sobre cães e descobrir um treco chamado "liderança"
No primeiro momento achava aquilo tão autoritário.. mas continuei a ler. E pra mim fez sentido.
Na selva, eles sempre escolhem um líder, que n precisa ser nem o mais forte, nem o que late mais alto muito menos o maior, mas sim, o que sabe mandar, o que tem energia e equilibrio para mandar.

E lendo o livro do César Millan (O encantador de cães e Cães educados, donos felizes) eu pude ver erro por erro meu.
Então, decidi praticar o que ele diz ser o primeiro momento da liderança a "migração"
Mas o que é isso?? Na selva, eles andam por horas a fio até achar um lugar para caçar. Isso faz parte da prática de vida deles.
Então, comecei a fazer isso com o pe. No primeiro dia, andamos uma hora que eu nem notei. Saímos sem compromisso e voltamos ambos felizes.
Incrível como nossa relação se estreita, como parecemos participar da mesma energia. É um momento mágico.



Mas, o que eu faço para ser líder??
PRIMEIRO..saiba que liderança não é nada ruim e que o cão gosta de ter um líder que lhe mostre o que fazer e dê broncas quando necessário.
Não é bater mas sim um olhar, um "pshhh", um "não" na hora certa que mostra pro seu cão "eiii.. aqui o alpha sou eu.. acho bom você respeitar isso!!"

Ser líder, é ser pai, é saber dizer não, é não ter medo de "faniquitos" e respeitar os limites que VOCÊ aceita e os que você NÃO aceita.
A casa é sua, não do seu cão. E isso não o humilha e sim o honra por poder partilhar do seu lar e do seu amor.


Muito amor e lambidas para todos.